23 REVISTA A excepcionalidade deste período de pandemia fará que no futuro esse momento seja analisa-do a partir de todas as disciplinas para extrair as lições aprendidas. Passados alguns anos, e muitas teorias, haverá se perdido a perspectiva presente da crueldade desta incrível e desgar-radora vivência que estamos padecendo. Uma experiência que tem várias características úni-cas: é global, envolve um bem superior, que é a saúde, e transforma completamente nosso ambiente de atuação social e profissional. Se há um fator crítico que marca a evolução e a resposta de uma organização a um período de transformação insólito como este, é o seu perfil de liderança. Por isso, uma das principais preocupações da empresa nestas circunstâncias deveria ser responder à seguinte questão: Como está funcionando em todos os momentos o perfil de liderança das diferentes estruturas da organização? A dificuldade é que isto não é fácil de medir e recolher em um painel de monito-ramento e controle. Esta excepcionalidade produzida pela pandemia fez com que todos os mecanismos existentes de gerenciamento de crise tivessem que ser rein-ventados dia a dia de modo urgente e indubitá-vel. Por exemplo, sua natureza global provocou a dificuldade de focar esforços em uma área específica geográfica ou funcional, o que pode produzir uma importante dispersão de recursos e, portanto, uma relevante e repentina descen-tralização do gerenciamento. Esta é a situação perfeita na qual emerge a necessidade de líderes em todos os níveis organizativos capazes de dar um rumo a esse processo de transformação e de resposta imediata. Neste contexto, este caminho é mais difícil do que nunca, pois aparecem sérios aspectos re-lacionados com a saúde, um bem superior, em um estado de pandemia de evolução e efeitos pouco conhecidos. Isto faz com que as fórmulas habituais de valoração de racionalidade eco-nômica das empresas requeiram uma nova e rápida reformulação, introduzindo maiores ele-mentos de subjetividade. Isso também ocorre em uma transformação repentina e completa do ambiente de desem-penho e relacionamento motivada por restri-ções sociais. O confinamento e a consequente falta de “oxigenação” social, o repentino peso maior do teletrabalho, e a incerteza e o temor sobre o futuro geram um ambiente propício para que apareçam “vieses emocionais” que possam influir na análise ou nas decisões que se executem. Portanto, em geral, nessas crises, as organiza-ções enfrentam, entre outros, vários desafios simultâneos: (i) uma estrutura muito dinâmica, (ii) José Manuel Revuelta CEO do Enel / Perú Se há um fator crítico que marca a evolução e a resposta de uma organização a um período de transformação insólito como este, é o seu perfil de liderança