46 REVISTA Após esses dois dias animados e revigorantes, se sua empresa não tiver estímulos diários eles voltarão para um ambiente em que nada mudou e, em algumas semanas, todos es-tarão fazendo praticamente as mesmas coisas que sempre fizeram. A inovação não deve ser praticada em eventos isolados. Muito pelo contrário, ela precisa ser praticada nos outros 363 dias do ano. A busca pela inovação deve compreendida como parte integrante do fluxo de trabalho diário e não como uma bolha. Mas como tentar mudar esse direcionamento? O primeiro passo é atrair líderes transforma-dores para a sua empresa, que ajudem o seu pessoal a caminharem pelas estradas menos percorridas. Não apenas uma vez, mas como um padrão de comportamento diário. O se-gundo passo é entender que não se deve pri-meiro tentar mudar as pessoas que fazem par-te da sua empresa, mas sim mudar o ambiente em que elas trabalham. E aqui não me refiro a móveis descolados e paredes coloridas, me refiro à CULTURA. A transformação que es-tamos vivendo hoje possui muita influência da cultura vista nas startups que valorizam muito a inovação e a eficiência digital como ferramenta para entrega de valor, o cresci-mento exponencial, as tomadas de decisões orientadas nos sentimentos e necessidades dos clientes e uma orientação de visão empre-sarial baseada no propósito. Sem uma cultura clara, estabelecida, bem comunicada e efetiva, sua empresa torna-se uma criatura com várias cabeças, cada uma falando algo diferente e olhando para diferentes direções. É papel da sua liderança transmitir essa cultura para toda a sua empresa, assim como a responsabilida-de de dar o exemplo para que seja aplicado a todos. Como diz Rony Meisler, CEO da Reserva: “O conselho ajuda, mas o exemplo arrasta”. É o exemplo que transforma a cultura em prática, e não apenas em conversa. Para os que estão no início da jornada devem estar se perguntando: E em que momento devo começar a criar uma cultura da minha empresa? Para mim, a partir do primeiro dia, muitas vezes até antes mesmo do CNPJ. E lembre-se que seus sócios e primeiros fun-cionários serão os primeiros a incorporar sua cultura. Portanto, atraia gente boa e as con-vença a investir o mais valioso ativo que elas possuem, o tempo. Outro ponto que gostaria de destacar é sobre a importância do erro e dos seus aprendiza-dos. Infelizmente, fomos educados em uma cultura onde o erro é algo negativo e temido por todos. As startups nos mostram que a cultura de testes e experimentação nos expõe ao risco do erro, mas este, desde que bem analisado, pode nos dar muitas respostas. Por-tanto, jamais estabeleça uma cultura de culpa dentro da sua empresa. Este tipo de atitude acaba por limitar as pessoas, gera medo e, pro-vavelmente, será criada uma burocracia para cada erro. Opte por descentralizar, retirar do gestor a responsabilidade de tomar a maioria das decisões. Se você possui gente boa no seu time, distribua a responsabilidade e explore as capacidades técnicas, analíticas e provoque as capacidades criativas do seu time. Um líder de inovação não precisa necessariamente ser um inovador, o papel da liderança de inovação não se trata de protagonismo, de alcançar méritos próprios, mas sim de transformar seu time, sua equipe em inovadores