43 REVISTA Meu nome é Nerea Luis, tenho 29 anos e sou doutora em Inteligência Artificial. Durante minha curta carreira profissional, estive mui-tos anos ligada ao mundo acadêmico, como pesquisadora em educação e como docente. Tenho apenas um ano no mundo da indústria, onde encontrar-se com a figura de líder é muito mais habitual. Sendo mulher e trabalhando em tecnologia, é difícil que você me imagine dentro do “este-reótipo de líder”, que se desenha inconscien-temente em nosso cérebro quando alguém menciona esse termo. Por isso mesmo, hoje quero te falar um pouco de mim, de minha geração e da visão de líder com a qual me sinto identificada. Nasci no começo dos anos 90 e pertenço a essa geração de jovens espanhóis que rece-beu a melhor formação (pública, no meu caso) de toda a história recente. Ao mesmo tempo, também sou dessa geração que, em plena etapa universitária, sofria as consequências de uma crise econômica que havia jogado no lixo os sonhos e promessas de muitas famílias. Se parasse aqui o texto, o resultado seria pouco encorajador. No entanto, me sinto com muita sorte por pertencer à última geração que conheceu e viveu o mundo ‘analógico’ e ser das primeiras gerações a viver e dar forma ao mundo digital: Internet. Sem dúvida, minha geração está marcada por esta mudança e foi muito positivo. Pessoalmente, sem Internet não seria a pes-soa que sou hoje em dia, e menos ainda me dedicaria à tecnologia, profissionalmente fa-lando. Tampouco haveria empreendido ne-nhum projeto, tenho quase certeza disso, pois meu entorno familiar próximo não fundou empresas. E é que, ainda não te contei, mas, graças à tecnologia e à Internet, no colégio criei minha primeira web (com comunida-de incluída) e mais tarde, sendo estudante universitária, fui a cofundadora do evento tecnológico anual T3chFest, que acolhia mais de 2.000 participantes e 90 palestras. Todos estes acontecimentos despertaram em mim uma vocação empreendedora que até aqueles momentos era inexistente. A curio-sidade que sempre havia tido “de menina” se multiplicou e se converteu em vontade de empreender projetos que utilizassem a tecnologia como ferramenta. Penso que algo que nos caracteriza como “líderes do futuro” é a capacidade de empreender e criar pensan-do em um público diverso e global. O passo seguinte é usar a Internet para dar forma ao processo e finalmente enriquecer-nos de tecnologia para poder obter dados, medir Nerea Luis Doutora em Inteligência Artificial e engenheira de dados em SNGULAR / Espanha Sem dúvida, reconhecer novas líderes ajudará a potencializar o empreendimento feminino e a eliminar de uma vez por todas as desigualdades de gênero