45 REVISTA Há 6 anos minha rotina diária passou a girar em torno de startups, negócios inovadores, disruptivos, processos de transformação digi-tal. Nas palestras sobre inovação que costumo fazer para o mundo coorporativo, sempre há executivos enlouquecidos por dicas e fórmulas de como transformar sua empresa em uma companhia mais inovadora, como se existisse uma bala de prata. Certa vez, ao final de uma palestra, ouvi de um deles a seguinte fala: “Meus funcionários não são inovadores. São pessoas capacitadas, inteligentes, mas que no fim do dia acabam fazendo as mesmas coisas que sempre fizemos”. Esse é um sentimento bastante comum por onde passo e sempre que ouço queixas deste tipo, lembro-me do poema de Robert Frost “A Estrada Não Tomada”: Duas estradas divergem em uma floresta, e eu opto pela menos percorrida. E isso fez toda a diferença. É natural que ao nos depararmos com duas estradas, optemos por seguir pelo caminho mais conhecido, mais pavimentados, em busca da previsibilidade e da segurança. Seguir pela estrada menos conhecida, esburacada, nos força a mudar, nos força a sair da zona de conforto, e nem sempre estamos dispostos a realizar essas mudanças. Da mesma forma funciona no mundo coor-porativo e, nesse momento, é fundamental a atuação do líder como uma espécie de “arqui- teto da inovação”, onde a sua principal tarefa NÃO É INOVAR! É ser responsável por criar um ambiente favorável e adotar práticas fun-damentais para que a inovação se torne parte constante do trabalho de todos. Um líder de inovação não precisa necessariamente ser um inovador, o papel da liderança de inovação não se trata de protagonismo, de alcançar méritos próprios, mas sim de transformar seu time, sua equipe em inovadores. Nos últimos anos vemos um esforço muito grande por parte das empresas em busca da inovação. Mas ao mesmo tempo grande par-te desses esforços são concentrados no que chamo de “bolhas de brainstorming”. Ou seja, atividades isoladas, como por exemplo, con-venções em hotéis luxuosos onde os funcioná-rios são enviados para um ambiente “externo ao do escritório” para assistirem palestras de profissionais renomados, cases de sucesso, participarem de oficinas de criatividade e mui-tas outras atividades que compõem uma agen-da de dois dias animados de muita inspiração e trocas de ideias. Não que isso não funcione, mas com certeza apenas isso não funcionará. Philippe Magno Head de Inovação da FOZ - Centro de Inovação em Saúde e Educação / Brasil Seguir pela estrada menos conhecida, esburacada, nos força a mudar, nos força a sair da zona de conforto, e nem sempre estamos dispostos a realizar essas mudanças